quarta-feira, 24 de maio de 2017




DIÁLOGO

Não te afundes nos meus olhos rasos de água.
Vê só a alma que carrego.
Puro engano, não me emudeceres num beijo.
E leres com as tuas mãos, o que esta árvore diz ao ser beijada.
Sim! Embala-te na melodia de um sorriso.
No cantar puro desta fonte, sou o sopé de uma colina.
A margem refrescante de um rio,
As raízes profundas desta árvore pura.
Já sei!
Tens receio que repartindo a minha sede, a minha sombra.
A penumbra me roube um certo brilho.
Serena pois amor , há em mim a água cristalina!
Que revitaliza a tenra flor.
Vem amor, não resistas a estas lágrimas aprisionadas
Preciso de ti para ser feliz, ama-me, basta-me já!
Sendo rio… sendo água, a solidão da noite muda e glaciar
Cobre-me já, o vítreo manto lunar…
Onde a lua dama nua persiste em mergulhar.
Vem beber amor nos olhos meus.
Acende neles a indiscreta vontade de me amar.

Augusta Maria Gonçalves

10/3/2016


Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

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