quinta-feira, 25 de outubro de 2018






Sou essa Flor

Tua vida é um grande rio, vai caudalosamente,
a sua beira, invisível, eu broto docemente.
Sou essa flor perdida entre juncos e achiras
que piedoso alimentas, mas acaso nem olhas.

Quando cresces me levas e morro em teu seio,
quando secas morro pouco a pouco no lodo;
Mas de novo volto a brotar docemente
quando nos dias belos vais caudalosamente.

Sou essa flor perdida que brota nas tuas margens
humilde e silenciosa todas as primaveras.



Alfonsina Storni, poetisa argentina (1892-1938).



Imagem: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

segunda-feira, 22 de outubro de 2018





Uma Prece


Muitas vezes o vento do ocidente cantava para mim.
Haviam vozes no córrego e riachos,
E árvores lamentosas diziam para mim, meu Deus, de ti.
E eu não ouvi. Oh! abra pensamentos em meus ouvidos.

Os juncos sussurando baixo quando eu pensava:
"Seja forte, ó amigo, seja forte, adie os medos vãos,
Não da alma com dúvidas, Deus não pode mentir".
E eu não ouvi. Oh! abra pensamentos em meus ouvidos.

Haviam muitas estrelas para guiar meus pés,
Muitas evzes, a lua delicada, ouvindo meus suspiros,
Alugando nuvens e mostrando de uma rua de prata.
E eu não vi. Oh! Desvenda-me os olhos.

Anjos me acenavam incessantemente
e andavam comigo, sob os céus sombrios.
O amado Cristo estendia Suas mãos para mim;
E eu não vi. Oh! Desvenda-me os olhos.


Alfred Douglas, poeta britânico (1870- 1945).



Fonte do poema: http://clubedepoetashomenagens.blogspot.com/2013/09/alfred-douglas.html

Imagem: https://www.pinterest.pt/cinafraga/