quinta-feira, 25 de maio de 2017




A  PURA  FACE

Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
O ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?

Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido

Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pralém de vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce


© SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
In Livro sexto, 1962

A Estrela



Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.