A PURA FACE
Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
O ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?
Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido
Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pr′além de vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce
© SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
In Livro sexto, 1962
A Estrela
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.