sábado, 15 de abril de 2017




A FADA DO POMBAL.

Era tão menina,
Dotada de um olhar de água, onde um fundo de medo sempre havia.
Dormia num beco solitário.
Só as pombas tinha na noite por companhia.
Um outro tempo, num dia de luar.
Alguém se abeirou a mão lhe deu.
Sorriu-lhe ela confiou.
Por uma escadaria iluminada a levou.
E disse á velha governanta.
Cuida desta flor, perfuma-a, penteia-a com amor.
Um tempo depois, já alindada.
Parecia boneca de porcelana.
Se sentou numa sala entre pratas. castiçais acesos, 
argolas nos guardanapos, 
pratos ornados de flores, imensos copos.
Perguntou! Se podia colher do prato as flores,
E para que eram tantas as jarras alindar a tolha bordada, 
antiga fiada e tecida em manual tear.
Riu o amavel protetor.
Respondeu.
Os pratos são de um país distante.
Os copos são para beber água e licores. Soltou a criança um riso estonteante.
Tlintou em cada copo. um beijo de cristal.
Fingiu colher do prato as flores.
Disseram-lhe tens de provar o manjar, porque tens de mulher te fazer e feliz ser.
A noite desceu,
Num quarto todo azul, parecia o céu.
Custou-lhe a adormecer, faltavam as pombas a cantar.
O luar a espreitar pelas frinchas das telhas já tão velhas,
As estrelas teimavam em brincar, até ela por fim adormecer.
Dormiu, entre lençois de seda, Sonhou com o céu as aves em bando. 
Foi correndo o tempo, Ela cresceu, estudou medicina, 
Musica aprendeu. A velha ama um dia não mais acordou. 
O seu protetor, sentado na poltrona não se cansava de a olhar. 
Seria ela um dia a ter tudo que ele possuia.
Um dia... ELA fundou um lar para familias desavindas.
Onde todas as crianças tinham um quarto azul para sonhar.
No jardim ladeado de magnolias floridas.
Havia um pombal enorme onda as rolas e pombas nidificavam.
A vida era sempre uma festa nesse jardim.
As crianças ali cresciam felizes.
O abrigo tinha por nome,
O SOLAR DOS GIRASSÓIS.
" só escrevi porque me é dado o direito de sonhar "


Augusta Mar.


Foto: by Mikhail Grafik

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