sábado, 11 de março de 2017




O LIVRO GASTO DAS HORAS

Lhe chamavam Jade.
Talvez por seus olhos serem belos,
Talvez…
Porque deixava résteas de luz quando passava.
Era jovem esbelta, airosa como uma orquidea brava.
Tinha olhos claros, pele sedosa.
Na boca de flor encarnada.
A sobriedade de uma rosa.
Ria sim.
Mas…
Havia nela traços leves de alguma mágoa.
Olhava longe, como quem olha e vê um cais.
Juraria eu, que vi aflorar nas janelas de seu olhar.
Particulas de estrelas a espreitar.
Olhavam-na tantos.
Como que lê doce poema.
Saía ao entardecer.
Colhia resteas de sol.
Particulas de poeira,
Melodias de vento,
Sussuros de vozes,
A sinfonia das aves, rente ao céu.
Tudo, como se fora escrito num pergaminho de saudade.
Sentada ALI! No cais do tempo entardecia.
Olhando sua imagem.
Cabelos dados às mãos do vento.
Matava saudades de outro tempo.
Em que caminhava de mão dada,
Com aquela que não a beijou no último suspiro.
Sem encontro marcado.
Flor colhida pelo cansaço.
Sono de lage fria.
Tudo!
Foi numa fria madrugada.


Augusta Maria.




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