sábado, 26 de novembro de 2022
sábado, 19 de novembro de 2022
Fim
O que eu perdi não foi um sonho bom,
Não foi o fruto a embebedar meus lábios,
Não foi uma canção de raro som,
Nem a graça de alguns momentos sábios.
O que eu perdi, como quem perde uma outra infância,
Foi o sentido do enternecimento,
Foi a felicidade da ignorância, foi, em verdade,
Na minha carne e no meu pensamento,
A última rubra flor do fim da mocidade.
E dói - não esse gesto ausente, a que se apagam
As flores mais solares, mas uma hora,
Flor de momento numa breve aurora -
Hora longínqua, esquiva e para sempre morta,
Em cuja escura, inacessível porta
Noturnos olhos cegamente vagam.
Abgar Renault
quinta-feira, 17 de novembro de 2022
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
Onde
Onde os olhos se fecham; onde o tempo
Faz ressoar o búzio do silêncio;
Onde o claro desmaio se dissolve
No aroma dos nardos e do sexo;
Onde os membros são laços, e as bocas
Não respiram, arquejam violentas;
Onde os dedos retraçam novas órbitas
Pelo espaço dos corpos e dos astros;
Onde a breve agonia; onde na pele
Se confunde o suor; onde o amor.
José Saramago,
em “Provavelmente alegria”. Lisboa: Editorial Caminho, 1985.
Jose Saramago (poeta, escritor, jornalista e dramaturgo), nasceu em 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga/Portugal – faleceu em 18 de Junho de 2010, em Lanzarote, Ilhas Canárias/Espanha. Nobel de Literatura 1998.
terça-feira, 15 de novembro de 2022
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
domingo, 13 de novembro de 2022
Al Centro Rayeante
Tu estás entre los cúmulos
Oro del cielo azul,
Los cúmulos radiantes
Del redondo horizonte desertado
Por el hombre embaucado,
Dios deseante y deseado;
Estas formas que llegan al cenit
Sobre el timón, adelantadas, y acompasan
El movimiento excelso lento,
Insigne cabeceo de una proa,
Cruzándose con su subir, con su bajar
Contra el sur, contra el sur,
Enhiesta, enhiesta como un pecho jadeante.
Tú vienes con mi norte hacia mi sur,
Tú vienes de mi este hasta mi oeste,
Tú me acompaña, crece único, y me guías
Entre los cuatro puntos inmortales,
Dejándome en su centro siempre y en mi centro
Que es tu centro.
Todo está dirijido*
A este tesoro palpitante,
Dios deseado y deseante,
De mi mina em que espera mi diamente;
A este rayeado movimiento
De entraña abierta (en su alma) con el sol
Del día, que te va pasando en éstasis*,
A la noche, en el trueque más gustoso
Conocido, de amor y de infinito.
Juan Ramón Jiménez