quinta-feira, 16 de março de 2017





MARGEM


Há nas margens de mim, um rio calmo.
Reclinam-se nessas margens os que amo.
Deus meu!
Porque é que corro num cansaço.
Procurando esse lugar sonhado.
De nadas me alindo.
De tudos me dispo.
Preciso, não tenho.
Ao dar me refaço.
Procuro, desvendo.
Segredos, sementes.
Ajudei a florir, almas tão descrentes.
Bebo cantares de água.
Ergo taças plenas.
De orvalho, carinhos.
Há orquestras escondidas.
Melodias nos ninhos.
Tudo isto para mim.
É poesia, é melancolia nas margens de mim.
Sou a margem.
O rio, sou as sedas de água.
Sou a que sorri,
Ou a que chora a rir,
Em murmúrios de água.


Augusta Mar.



Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

Fonte: https://www.facebook.com/augustamaria.goncalves

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