Os pássaros nostálgicos... Errantes
mágicos do crepúsculo, soprando
das longas asas trêmulas o brando
vento da tarde; e logo, em céus cambiantes,
alvos blocos de pluma vão distantes
e efémeras imagens modelando:
sereias e hipocampos, entre o bando
de carneiros, e rosas, e elefantes,
cães e estrelas, dragões, ou aguçadas
torres, na superfície roseoviva
por onde voga, acesa, a caravela
e as longas asas captam, retesadas,
a poesia da tarde, fugitiva,
mas eterna no instante em que foi bela.
Waldemar Lopes, poeta brasileiro (1911-2006).
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/
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