sexta-feira, 22 de março de 2019






Longe

XXXIX

Longe de mim!… Só a amplidão vazia!
Sol, em que céu de bronze te escondeste?
Céu, porque assim tão baixo tu desceste
E esmagas-me se dó desta agonia?

Nem um adeus, ao menos me disseste;
Foste-te e eu, cego, já não tenho guia;
Meus olhos mais nem uma estrela fria
Verão, pois deles desapareceste.

Ah! nunca saibas meu pesar revendo
Tudo aquilo que vias estavas
Nos meus braços de medo e amor tremendo.

Longe de mim!… Por mais que chame e brade,
Apenas ouve as minhas vozes cavas
Esta saudade, esta imortal saudade!




Guimarães Passos, jornalista e poeta brasileiro (1867-1909).






Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.