quarta-feira, 11 de abril de 2018




Castelã de Tristeza

Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sòzinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor…
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castelã da Tristeza, vês?…A quem?…
-E o meu olhar é interrogador-
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr…
Chora o silêncio…nada…ninguém vem…

Castelã da Tristeza, porque choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?…

À noite, debruçada, plas ameias,
Porque rezas baixinho?…Porque anseias?…
Que sonho afagam tuas mãos reais?…

Florbela Espanca

In; Livro de Mágoas




Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

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