domingo, 11 de fevereiro de 2018




Bondade

A Bondade baila em meu lar.
Dona Bondade, quanta beleza!
As pedras azul-escarlates de seus anéis
Espargem-se nas janelas, os espelhos
Transbordam de alegria.
O que é mais puro que o choro de um filho?
O choro de um coelho pode ter mais ardor
Mas ele não tem alma.
O açúcar cura tudo, diz a Bondade.
Açúcar um fluido necessário,
Seus cristais um pequeno cataplasma.
Ó Bondade, bondade
Colando os cacos com doçura!
Minhas sedas japonesas, desesperadas borboletas,
Alfinetadas a qualquer minuto, anestesiadas.
E lá vem você, com uma xícara de chá
Envolta em fumaça.
O fluxo sanguíneo é poesia,
Impossível estancá-lo.
Você me confia dois filhos, duas flores.

Sylvia Plath, escritora estadunidense  1932/1963

(tradução de Maryluci Prado)



Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

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