sexta-feira, 26 de janeiro de 2018





Deitado a dormir entre os afagos da noite
Vi o meu amor debruçar-se sobre o meu leito triste,
Pálida como a mais escura folha do lírio ou corola
De pele macia e escura, o pescoço nu para ser mordido,

Transparente demais para corar, tão quente para ser branca,
Apenas de uma cor perfeita sem branco nem vermelho.
E os lábios abriram-se lhe-amorosamente e disseram -
Nem sei bem o quê, excepto uma palavra - Deleite.

E a face dela era toda mel na minha boca,
E o corpo dela todo pasto a meus olhos;
Os braços longos e lentos, as mãos quentes de fogo,

As ancas frementes, o cabelo a cheirar a Sul,
Os pés leves luzentes, as coxas esplêndidas e dóceis
E as pálpebras fulgentes com o desejo da minha alma.



Algernon Charles Swinburne
Reino Unido 1837-1909
Trad. José Bento
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim




Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/

Painting by Serge Marshennikov.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.