segunda-feira, 24 de abril de 2017




O Espelho de Água

O meu espelho, mais profundo que a orbe
Onde todos os cisnes se afogaram.

É um tanque verde na muralha
E no meio dorme a tua nudez ancorada.

Sobre as suas ondas, debaixo de céus sonâmbulos,
Os meus sonhos afastam-se como barcos.

De pé sobre a popa ver-me-eis sempre a cantar,
Uma rosa secreta cresce no meu peito
E um rouxinol ébrio esvoaça no meu dedo.

Vicente Huidobro, Chile
1893-1948
(O Mar na poesia da América latina)

Tradução de poemas

José Agostinho Baptista


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