À altura do teu rosto
os meus olhos habitam no silêncio brilhante.
Não olho: no côncavo vazio recebo-te
igual a ti, a teu lado,
teu rosto me alimenta
de fraterno orvalho.
Tu modelas-me no antigo carinho das únicas
coisas
preciosas,
refazes-me na transparência fraternal,
dás-me a forma translúcida da vida,
a sede luminosa em que tudo se renova.
(Inédito, 1962)
António Ramos Rosa
Portugal (Faro) 1924-2013
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