sábado, 15 de abril de 2023
sábado, 8 de abril de 2023
Roga, ao Senhor a benção da Luz Divina
Para o teu coração e para a tua inteligência,
A fim de que te não percas no labirinto dos problemas;
Contudo, não te esqueças de que, na maioria das ocasiões,
O socorro inicial do Céu nos vem pelo caminho comum,
Através de angústias e desenganos.
Aguarda, porém, confiante, a passagem dos dias.
O tempo é o nosso explicador silencioso
E revelar-te-à ao coração a bondade infinita do Pai
Que nos restaura a saúde da alma,
Por intermédio do espinho da desilusão
Ou do penoso elixir do sofrimento.
Emanuele d'Astorga
sexta-feira, 7 de abril de 2023
Calvário
O Cristo que dorme, na gaveta do altar, de espinhos vermelhos na cabeça e feridas roxas nas mãos, tem os olhos fechados. Desceu-lhe as pálpebras a mão de Madalena, a loura prostituta que ele roubou aos homens; limpou-lhe o sangue o lenço de Verónica, a bela
compadecida que guardou o linho onde o seu rosto permanece; cruzou-lhe as mãos a Mãe, ouvindo na ira dos ventos a voz divina. Que durma em paz, esse Cristo roubado à cruz, na gaveta do Altar aonde não chegam já as vozes do homem. Adormecido, que nem um grito de dor o desperte; nem um gemido suplicante o distraia do seu sono; nem a fúria das gerações lhe reabra as feridas. Um a um, têm caído os espinhos; pouco a pouco, o sangue confunde-se com a cor da pele; e no seu rosto uma antiga palidez recupera a vida. Até que alguém reabra a gaveta, na véspera de Páscoa, e o traga de volta a este
mundo: cravando mais fundo ainda
nas mãos e no pés, os pregos, no peito, o bico da lança, e na cabeça, os espinhos.
Nuno Júdice
Charcoal (art)
Desconheço o Autor da pintura
quarta-feira, 5 de abril de 2023
O músico de Auschwitz
Em Jerusalém
Encontrei um homem
Que tocava violino em Auschwitz.
Tocava numa orquestra
Acompanhando os que iam morrer
No fogo crematório.
Hojé é engenheiro,
Ilumina cidades do mundo inteiro,
Inclusive os muros da Cidade Santa.
Não lhe perguntei que música tocava.
No seu braço o número - 121097, de prisioneiro.
Não lhe perguntei que música tocava.
Perguntei-lhe se ainda tocava.
Sim, ele tocava.
Affonso Romano de Sant'Anna