quinta-feira, 29 de dezembro de 2022







Desperta-me de noite

O teu desejo

Na vaga dos teus dedos

Com que vergas

O sono em que me deito

É rede a tua língua

Em sua teia

É vício as palavras

Com que falas

A trégua

A entrega

O disfarce

E lembras os meus ombros

Docemente

Na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite

Com o teu corpo

Tiras-me do sono

Onde resvalo

E eu pouco a pouco

Vou repelindo a noite

E tu dentro de mim

Vai descobrindo vales.

 

 

Maria Teresa Horta

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 

 

 


 

 

Onde não puderes amar, não te demores!

 

Frida Kahlo

 

 

Foto inédita de Frida Kahlo

 

 

 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022







É Natal

 

 

É Natal e por esse Mundo,

Quantos Corações sem Esperança

Quantas Lágrimas Rolando

Num Rostinho de Criança

Quanta Criança Descalça,

Rotinha, Magra, Faminta,

Apelando para o Mundo

Na Rua Estende a Mãozita…

Ah se eu fosse Poderosa

Bem Mais do que um Simples Ser,

Não Haveria no Mundo

Uma Criança a Sofrer

Por isso meu Bom Jesus

Quando o Sino Badalar

Vou fazer uma Oração

Tua Imagem Adorar

Pedirei Paz para o Mundo

Muito Amor para os Pequeninos

Alegria para os que Choram

E Pão para os Pobrezinhos

E Ajudando os que Sofrem

A Cada um Dando a Mão

Passaremos um Natal

Com mais Paz no Coração.

 

(Maria da Luz Pedrosa)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 

 

 


 

(...)

 

Que perfume é este

que tua pele exala

e sobre mim se derrama

num súbito tremor de claridade?

 

Ah, pudesse eu tocar tua alma

onde se reflecte puro o firmamento

e a beleza do mundo se espelha deslumbrada

numa contínua festa de estio e primavera!

 

E pela verdura dos anos beijar teus lábios,

beber a sombra de tantos frutos iluminados!

 

Leve, tão leve nada mais seria

que ar e brisa e pólen a cintilar ao vento,

a vida mais estéril fecundaria!

 

Gonçalo Salvado

in "Nudez"

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

 

 

 

 



 

 

Alguém baixou com suavidade as minhas pálpebras, levando-me, desprevenida, a consentir num sono ligeiro, eu que não sabia que o amor requeria vigília.

 

Raduan Nassar, escritor brasileiro. (1935)