sábado, 18 de abril de 2020





Apocalipse



As velas estão abertas como luzes.
As ondas crespas cantam porque o vento as afogou.
As estrelas estão dependuradas no céu e oscilam.
Nós as veremos descer ao mar como lágrimas.
As estrelas frias se desprenderão do céu
E ficarão boiando, as mãos brancas inertes, sobre as águas frias.
As estrelas serão arrastadas pelas correntes boiando nas
águas imensas.
Seus olhos estarão fechados docemente
E seus seios se elevarão gelados e enormes
Sobre o escuro do tempo.




Augusto Frederico Schmidt, poeta brasileiro 1906/1965



Foto: Marion Cotillard

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