O Templo
É tão larga a porta do templo!
Ladeada por colunas altivas ancestrais.
O silencio canta nos vitrais...
Acende cirios de sol e vento...
Tantas promessas!
Juramento sagrado de vida em vendavais.
Acordam as velhas heras adormecidas
Que o tempo deixou entrelaçar com tal graciosidade...
Olho-as dançando distraídas...
Sinto-me bailar com a saudade.
Irrompe o vento...
Abre o seio das árvores, o coração do templo!
Há altares!
Que oram em silencio...
Só no das flores já desfeitas o perfume pranteia.
Cada pétala é uma dor!
Flor desfolhada, cicatriz, curada já!
Mas dói ao recordar tempos de Dor!
O Altar do amor!
OH! Vitrais aceso em botões de rosa,
De tão viva cor...
Corações acesos na doce carencia dos sentidos.
Jarras de furmusura, salpicadas de risos...
Avencas delicadas da verde esperança da ternura.
Há uma dança colorida nos vitrais acesos de sol e paz!
O Altar dos Sonhos...
Nesse bailam nos braços do vento,
Espigas loiras, Onde esvoaçam, borboletas.
Dois colibris azuis,
Pintam a tela dos próprios sonhos.
Tão mágicas e fragéis suas asas...
OH! Altar dos mudos silencios!
OH! Cravos túnicos de um desespero, amarelo e mudo.
Têm os cravos amarelos um laço na boca,
Os olhos lacrados com duas violetas tristes...
São assim os assim os silencios...
Perfumados como raminhos de violetas.
AH!!!...
O altar da saudade...
Todo ele, alvura de açucenas.
Raminhos de larajeira em flor!
Que choram pétalas de perfume já cansadas.
De tantas colisões contra ventos desavindos.
Tanta formosura há na saudade...
Nem todos a vêm... nem todos persentem!
Só! Aqueles... Que na alma guardam todo o carinho que
sonharam...
Percorrendo a vida num vitral aceso...
De partilha e paz!!!
Augusta Maria Gonçalves
2015.
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/
Organ in
the Dresden Frauenkirche, rebuilt in 2005 by Daniel Kern behind a
reconstruction of the original facade of the 1736 organ of Gottfried Silbermann
church in Dresden, eastern Germany.
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