Poema de Amor Sobre Um Tema de E Whitman
Entrarei
silencioso no quarto de dormir e me deitarei entre noivo e noiva,
esses corpos
caídos do céu esperando nus em sobressalto,
braços
pousados sobre os olhos na escuridão,
afundarei
minha cara em seus ombros e seios, respirarei sua pele
e acariciarei
e beijarei a nuca e a boca e mostrarei seu traseiro,
pernas
erguidas e dobradas para receber, caralho atormentado na escuridão, atacando
levantado do
buraco até a cabeça pulsante
corpos
entrelaçados nus e trêmulos, coxas quentes e nádegas enfiadas uma na outra,
e os olhos,
olhos cintilando encantadores, abrindo-se em olhares e abandono,
e os gemidos
do movimento, vozes, mãos no ar, mãos entre as coxas,
mãos na
umidade de macios quadris, palpitante contração de ventres
até que o
branco venha jorrar no turbilhão dos lençóis
e a noiva
grite pedindo perdão e o noivo se cubra de lágrimas de paixão e compaixão
e eu me erga
da cama saciado de últimos gestos íntimos e beijos de adeus —
tudo isso
antes que a mente desperte, atrás das cortinas e portas fechadas da casa
escurecida
cujos
habitantes perambulam insatisfeitos pela noite,
fantasmas
desnudos buscando-se no silêncio.
Allen
Ginsberg
Foto:
https://pt.pinterest.com/cinafraga/
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