Noites de Inverno
Enquanto a chuva cai, grossa e torrencial,
Lá fora; e enquanto, ó bela!
A lufada glacial
Tamborila a bater nos vidros da janela;
Dentro, esse áureo torçal
Do cabelo que, rico, em ondas se encapela,
Deslaça; e o alvor ideal
Do teu corpo à avidez do meu olhar revela;
Porque, à avidez do olhar
Do amante, é grato, ao menos,
Destas noites no longo e monótono curso,
Claro como o luar
Ver um busto de Vênus
Surgir dentre as lãs e dentre as peles de urso.
Raimundo Correia, poeta brasileiro 1859-1911
Publicado no livro Versos e Versões
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/
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