O Desterrado
Como são brancas as flores
Deste verde
jasminal!
Recorda a sua fragrância
Perfumes dum laranjal …
Mas têm mais suave
aroma as rosas de Portugal!
O coração desses bosques
O brilhante e o oiro
encerra;
São imensos estes rios, imensos o vale e a serra …
Mas não têm a
formosura
Dos campos da minha terra!
Estes astros são mais belos, é mais belo o
seu fulgor …
Mas luzem no céu do exílio; não lhes tenho igual amor…
Ai, astros
da minha terra, quem me dera o vosso alvor!
Que me importam os esplendores,
prodígios que vejo aqui, aves de vivas plumagens,
os cantos do juruty, se lhes
faltam as belezas da terra onde eu nasci?
Lá, era a lua mais linda, mais para
os olhos as flores,
mais castos os beijos dados em mais sinceros amores;
tinham
seus bosques modestos mais inspirados cantores.
Tudo aqui veste mais galas, de
mais viçoso matiz!
Ai que importa, se a saudade ao proscrito sempre
diz que não
há terra formosa sem o sol do seu país?
Francisco Gomes de Amorim, poeta português
https://www.pinterest.pt/cinafraga/
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