domingo, 13 de agosto de 2017





O Desterrado 

Como são brancas as flores 
Deste verde jasminal! 
Recorda a sua fragrância 
Perfumes dum laranjal … 
Mas têm mais suave aroma as rosas de Portugal! 
O coração desses bosques 
O brilhante e o oiro encerra; 
São imensos estes rios, imensos o vale e a serra … 
Mas não têm a formosura 
Dos campos da minha terra! 
Estes astros são mais belos, é mais belo o seu fulgor … 
Mas luzem no céu do exílio; não lhes tenho igual amor… 
Ai, astros da minha terra, quem me dera o vosso alvor! 
Que me importam os esplendores, 
prodígios que vejo aqui, aves de vivas plumagens, 
os cantos do juruty, se lhes faltam as belezas da terra onde eu nasci? 
Lá, era a lua mais linda, mais para os olhos as flores, 
mais castos os beijos dados em mais sinceros amores; 
tinham seus bosques modestos mais inspirados cantores. 
Tudo aqui veste mais galas, de mais viçoso matiz! 
Ai que importa, se a saudade ao proscrito sempre 
diz que não há terra formosa sem o sol do seu país?

Francisco Gomes de Amorim, poeta português




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