Amanheceu a minha vida no teu rosto
De uma doçura intensa e tão suave
Como se um divino fundo nele brilhasse
Eu era o que nascia soberanamente leve
E encontrava na limpideza centro do equilíbrio
Só em ti cheguei amanhecendo na minha madurez
Entrei no templo em que a luz latente era a secreta sombra
Foste sonhada por meus olhos e minha mãos
Por minha pele e por meu sangue
Se o dia tem este fulgor inteiro é porque existes
E é porque existes que se levanta o mundo
Em quotidianos prodígios
Em que ao fundo brilha o horizonte certo.
António Ramos Rosa,
in O TEU ROSTO (Ed. Pedra Formosa, 1944)
Foto: https://www.pinterest.pt/cinafraga/
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.