Pássaro
Aquilo que
ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma
flor na boca:
não do
espinho na garganta.
Ele amava a
água sem sede,
e, em
verdade,
tendo asas,
fitava o tempo,
livre de
necessidade.
Não foi
desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca
em silêncio
a desventura
causada.
Se acaso isso
é desventura:
ir-se a vida
sobre uma
rosa tão bela,
por uma tênue
ferida.
Cecília
Meireles
Fotos:https://pt.pinterest.com/cinafraga/
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