Espera
Grassa a fome nas comissuras dos lábios
e na língua fala a semente do vício.
No entanto, teimo em ir à boleia das vagas
enquanto o grito espreita num botão de camisa
desabotoado, em rota encapelada de arrepios,
na cicatriz nua dos olhos de uma fúria ausente
nas aspas de uma vida feita de raízes imóveis
a crescerem para dentro vermelhos naufragados.
E no poema cala-se a dor , a raiva, a luta
faz-se oco este lugar de silabas desperto
eternamente ansioso, febril e nunca saciado
na espera muda e vã do que lhe pertence.
© Margarida Piloto Garcia
(todos os direitos reservados ao abrigo do código do direito
de autor)
Fotos:https://pt.pinterest.com/cinafraga/
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